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19 de Abril de 2024

Chega ao STF primeira ação que pode levar à ampla legalização do aborto

Um dos temas mais polêmicos do país chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF). Foi protocolada na noite de segunda-feira a primeira ação que pede a legalização ampla do aborto, para qualquer gestação com até 12 semanas.

Publicado por Mariana Bravo
há 7 anos

Chega ao STF primeira ao que pode levar ampla legalizao do aborto

Atualmente, a interrupção da gravidez só é permitida no país em três casos: se a mulher corre risco de morrer por causa da gestação; se a fecundação ocorreu por estupro; se o feto é anencéfalo (sem cérebro) e, portanto, não conseguirá sobreviver após o parto.

Nas demais situações, a gestante que fizer aborto pode ser presa por até três anos, enquanto médicos que realizarem o procedimento podem ser condenados a até quatro.

A ação, à qual a BBC Brasil teve acesso antecipadamente, foi movida pelo PSOL, com assessoria técnica do instituto de bioética Anis. Não é possível prever quanto tempo levará para ser julgada, talvez anos. Isso dependerá muito do ministro que for sorteado para relatar a ação e de seu interesse em agilizar ou não o caso.

É função do Supremo, quando provocado por uma ação, analisar se leis vigentes no país estão em desacordo com a Constituição Federal. Nesse caso, o partido solicita que a Corte declare que os artigos do Código Penal (lei de 1940) que criminalizam o aborto desrespeitam preceitos fundamentais, como o direito das mulheres à vida, à dignidade, à cidadania, à não discriminação, à liberdade, à igualdade, à saúde e ao planejamento familiar, entre outros.

As advogadas que assinam a ação destacam que a criminalização do aborto leva muitas mulheres a recorrer a práticas inseguras, provocando mortes. Argumentam também que o problema afeta de forma ainda mais intensa mulheres pobres, negras e das periferias, já que elas têm menos conhecimento e recursos para evitar a gravidez, assim como menos meios para pagar por métodos abortivos mais seguros, ainda que clandestinos.

Movimentos contrários ao aborto, por sua vez, argumentam que o direito à vida também deve ser garantido ao feto e, por isso, a prática seria inconstitucional. Esses grupos hoje contam no Congresso com o apoio de uma ampla bancada de parlamentares, em geral católicos e evangélicos, que atuam para impedir a legalização do aborto ou mesmo aumentar sua restrição.

É desejo desses parlamentares aprovar uma emenda à Constituição prevendo expressamente que o direito à vida está garantido desde a concepção.

"Muito provavelmente, mudando a nossa Constituição, passa-se a ter uma nova interpretação dessas leis que já estão em vigor no nosso país (e permitem algumas hipóteses de aborto)", disse no ano passado o deputado Diego Garcia (PHS-PR), em um debate na Câmara.

Mesmo que isso seja aprovado, no entanto, caberá ao Supremo a palavra final sobre se o eventual direito à vida do embrião se sobrepõe aos direitos das mulheres, ressalta a antropóloga Debora Diniz, do instituto Anis.

Essa tensão é destacada pela presidente do STF, Carmén Lúcia, no livro O Direito à Vida Digna, publicado em 2004, pouco antes de sua entrada na Corte. Trechos da obra são citados na ação para fundamentar o pedido de legalização.

"Quando se põe em debate o aborto, o que se oferece, num primeiro lance de discussões, é se o embrião e o feto seriam pessoas, porque, a se responder afirmativamente, eles titularizariam o primeiro de todos como é o direito à vida digna, a qual, como antes lembrado, é intangível e inviolável. Mas não se há de ignorar que a vida é o direito que se exerce com o outro, no espaço das relações entre sujeitos, não se podendo anular, portando, a condição de pessoa-mulher que, em sua dignidade, é livre para exercer a escolha da maternidade ou não", escreveu a ministra no livro.

Antes de assumir a presidência do STF, Cármem Lúcia foi sorteada para ser relatora de outra ação, movida em agosto pela Anis e a Associação Nacional de Defensores Públicos, que pede a liberação da interrupção da gravidez em caso de gestantes infectadas pelo vírus Zika.

A ministra deu rito de "urgência e prioridade" à tramitação e chegou a pautá-la para julgamento em dezembro.

No entanto, o caso deixou de ser analisado devido a outra questão mais urgente naquele dia - a decisão sobre se Renan Calheiros deveria ser afastado da presidência do Senado. Até agora o caso não voltou para a pauta.

O que esperar do Supremo?

Na última década, o Supremo tomou decisões que podem indicar uma abertura da Corte para o debate do aborto. Não está claro, porém, se há maioria para aprovar uma legalização ampla da prática.

Na decisão mais recente, há três meses, a primeira turma do STF, formada por cinco dos onze ministros, decidiu colocar em liberdade duas pessoas que haviam sido presas em flagrante supostamente realizando aborto em uma clínica clandestina.

Os magistrados poderiam ter se limitado a revogar a prisão preventiva, sob argumento de que os acusados podem responder ao processo em liberdade. Foi o entendimento de Marco Aurélio e Luiz Fux.

Três ministros, no entanto, foram além. Acompanhando o surpreendente voto de Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Rosa Weber decidiram que a prisão não deveria ser mantida também porque a criminalização do aborto até o primeiro trimestre de gestação é incompatível com direitos fundamentais das mulheres, entre eles os direitos sexuais e reprodutivos, à autonomia, à integridade física e psíquica, além de ferir o princípio da igualdade.

O corte do primeiro trimestre, equivalente a doze semanas, foi proposto por Barroso porque é adotado na maioria dos países que permitem o aborto, como quase todos os países da União Europeia, Rússia, Suíça, Moçambique e Uruguai, entre outros.

"Durante esse período, o córtex cerebral - que permite que o feto desenvolva sentimentos e racionalidade - ainda não foi formado, nem há qualquer potencialidade de vida fora do útero materno", escreveu o ministro.

Barroso defendeu ainda em seu voto que o Estado e a sociedade devem buscar evitar o aborto por outros métodos que não a criminalização, como "oferta de educação sexual, distribuição de meios contraceptivos e amparo à mulher que deseje ter o filho e se encontre em circunstâncias adversas".

A decisão causou imediata reação no Congresso: "Revogar o Código Penal, como foi feito, trata-se de um grande atentado ao Estado de direito. O aborto é um crime abominável porque ceifa a vida de um inocente", disse na ocasião o deputado Evandro Gussi (PV-SP).

E os votos no plenário?

A ação, caso seja levada a julgamento, será analisada em plenário, pelos onze ministros.

O caso citado acima sugere haver ao menos três votos simpáticos à tese defendida pelo PSOL. O fato de Marco Aurélio e Fux não terem acompanhado a decisão de Barroso não deixa claro qual seria o posicionamento deles sobre a ampla descriminalização do aborto, já que não entraram nesse mérito. Os ministros podem não ter seguido o colega por discordar da tese ou por não considerarem adequado abordar essa discussão ao julgar o habeas corpus.

Outras pistas sobre os possíveis posicionamentos dos ministros são os julgamentos que liberaram o aborto de anencéfalos (2012) e a pesquisa científica com células-tronco embrionárias (2008) - caso que provocou uma discussão sobre quais seriam os direitos do embrião e se sua vida estaria protegida pela Constituição.

Dos ministros que ainda estão no Supremo, votaram pela liberação do aborto de anencéfalos Marco Aurélio, Luiz Fux, Rosa Weber, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia e Celso de Mello. Ricardo Lewandowski disse que a decisão caberia ao Congresso e ficou contra.

Dias Toffoli, por sua vez, não participou do julgamento porque quando era advogado-geral da União já havia se manifestado na causa a favor do aborto de fetos sem cérebro.

Já no segundo caso, quando a maioria do Supremo entendeu que as pesquisas com células-tronco embrionárias não violam o direito à vida, foram favoráveis a essa decisão Cármen Lúcia, Marco Aurélio, Celso de Mello e Gilmar Mendes - considerando apenas os que permanecem no STF.

A decisão de Lewandowski novamente destoou: ele votou que as pesquisas poderiam ser feitas, mas somente se embriões ainda viáveis não fossem destruídos para a retirada das células-tronco.

Toffoli era na época advogado-geral da União e defendeu as pesquisas.

Os votos favoráveis nesses dois julgamentos podem sinalizar uma abertura dos ministros à discussão da legalização ampla do aborto, mas não permitem tirar uma conclusão sobre quais serão seus posicionamentos.

Por outro lado, esses dois casos parecem indicar uma probabilidade alta de que Lewandowski vote contra a legalização do aborto em eventual julgamento da ação. Também sinalizam que ele tende a ter menos interesse em dar agilidade ao processo, caso seja sorteado relator.

Questionado sobre o tema há duas semanas na sabatina do Senado, o futuro ministro do STF Alexandre de Moraes (sua posse será dia 22) se esquivou de responder se é a favor ou contra a legalização.

Segundo reportagem do Conjur, especializado em notícias jurídicas, antes de ser indicado Moraes já havia se manifestado contra a legalização ampla do aborto, por considerar que o direito à vida começa no momento da fecundação.

Por que agora?

A discussão sobre a legalização do aborto não é nova, então por que justamente agora a ação chega ao STF? Segundo Luciana Boiteux, professora de Direito Penal da UFRJ e filiada ao PSOL, a iniciativa do partido reflete um fortalecimento recente do movimento das mulheres no país.

No final de 2015, por exemplo, uma série de protestos feministas nas principais cidades do país conseguiu barrar o andamento no Congresso de um projeto de lei que buscava aumentar as penas para aborto.

"Essa ação está sintonizada com o movimento das ruas, com todo o fortalecimento desse debate feminista que o Supremo agora vai ter que enfrentar", afirmou.

Na sua opinião, é preciso levar a questão à Corte porque o Congresso "não é representativo para as mulheres". Atualmente, 90% dos parlamentares são homens.

"No Supremo, a gente vê uma maior abertura para um debate que já foi feito inclusive por diversas outras cortes no mundo. É um espaço tão legítimo quanto (o Congresso)", defende Boiteux, citando julgamentos sobre aborto nos Estados Unidos, Alemanha e Portugal.

http://www.bbc.com/portuguese/brasil-39190495?SThisFB

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10 Comentários

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A questão é simplesmente vergonhosa, pois deveria ser tratada pelos legisladores com participação da sociedade, mas a grande maioria se omite, como em todos os casos polêmicos, e ainda reclamam depois que o Judiciário usurpa funções do Legislativo, como se este fizesse algo.

Infelizmente a onda de populismo não permite que sejam discutidos de modo sensato qualquer assunto polêmico. Mesmo um simples casamento homossexual ainda encontra resistência. Assim também ocorre quanto à adoção por homossexuais, os crimes por homofobia, células-tronco ... tudo acaba sendo tratado via STF. Político só quer ficar em cima do muro e garantir sua reeleição. continuar lendo

Vamos lá...

Não acho que tenha muito o que se discutir sobre este tema, ao menos no momento. A população é majoritariamente contrária à prática. Duvida? Dilma é favorável, há dois vídeos dela se posicionando de forma clara e indubitável (inclusive colocou uma abortista no ministério pouco depois de eleita). MAS, durante as eleições, posicionou-se contra e ainda perseguiu quem expusesse os vídeos em que dizia-se favorável. Lembro-me inclusive de um padre / pastor que teve material apreendido (o que me configuraria censura, pois além de verdade sequer tinha o nome de Dilma).

Outra, o Legislativo não se posicionar não dá direito ao STF ir CONTRA a Lei, que sobre o tema é claro e cristalino: apenas estupro e risco de vida da mãe. O terceiro, foi uma intromissão do STF. continuar lendo

Edu Rc,

Não é sobre o STF dizer "sim" ou "não", é sobre o tema dever ser tratado primeiramente pelo Legislativo e não este se omitir.

Dilma fez o que todo político em época de campanha faz: joga pra torcida. Depois que faturou os votos volta atrás e dá uma de desentendida, mesmo porque ela sempre buscou apoio da Bancada Bíblia ... lembra durante o impechment ela buscar apoio de Edir Macêdo?

Se a população é majoritariamente contrária ou a favor isso é irrelevante porque ela não foi consultada oficialmente ... se fosse assim qualquer um que liderasse pesquisa deveria ser empossado sem precisar haver votação.

O tema deveria ser discutido pelo Legislativo e feito um plebiscito, mas ninguém quer ir contra as igrejas, mesmo porque elas são uma ótima opção para fazer caixa dois de campanha, já que não prestam contas.

O Legislativo lava as mão e o STF é quem as suja: seja dizendo sim ou não. O STF não faz questão alguma de fazer o papel do Legislativo, mas se uma ação chega à Justiça é obrigado a decidir.

Se dependesse do Legislativo homossexuais não teriam união estável, casamento ou direito à adoção. Quais os danos sociais neste caso? Por quê o Legislativo se omite? continuar lendo

"Não é sobre o STF dizer"sim"ou"não", é sobre o tema dever ser tratado primeiramente pelo Legislativo e não este se omitir."
-> O Legislativo não tem obrigação de tratar sobre aborto. Já está em Lei isto. Quer mudanças? Que candidatos com esta visão sejam eleitos. "Ah, mas ele nunca será eleito se propuser aborto"... Isto responde muita coisa sobre a vontade da população, não acha? Aliás, Dilma foi eleita, porque não colocou o tema na mesa com a assinatura dela? Será que só teremos democracia quando for aceito o aborto? Alias, o Legislativo não está obrigado a votar nada. A população é que deve ser vigilante e se as propostas citadas na campanha não forem para a Mesa, que ele se justifique e a população decida se ele será reeleito ou outro será escolhido.

"Dilma fez o que todo político em época de campanha faz: joga pra torcida. Depois que faturou os votos volta atrás e dá uma de desentendida, mesmo porque ela sempre buscou apoio da Bancada Bíblia"
-> O representante eleito não fazer o que prometeu não muda o fato: a população é contrária ao aborto.

"Se a população é majoritariamente contrária ou a favor isso é irrelevante porque ela não foi consultada oficialmente ..."
-> Então cada tema colocado na mesa deve virar um plebiscito. É isto? Ou então diga qual limite entre o que pode ser decidido sem o plebiscito e o que precisa ir a votação popular.

"se fosse assim qualquer um que liderasse pesquisa deveria ser empossado sem precisar haver votação."
-> Oi? Como assim? Quem falou em eleger sem voto, apenas através de pesquisas? Não estou falando de chute ou dedução, se o aborto fosse aceito pela população, candidatos já entrariam em campanha falando do tema. Alias, mesmo os que são abertamente favoráveis (majoritariamente de esquerda), durante a campanha se calam sobre o tema. Novamente, isto diz muito sobre o que a população pensa do tema.

"O tema deveria ser discutido pelo Legislativo e feito um plebiscito, mas ninguém quer ir contra as igrejas, mesmo porque elas são uma ótima opção para fazer caixa dois de campanha, já que não prestam contas."
-> Da forma que você põe, cada vírgula tem de ser decidido através de plebiscito. Pode ser? A eleição é exatamente isto: uma consulta para eleger aqueles que irão representar o povo. Para o bem e para o mal. Repito: você está forçado a dizer qual será o limite entre a decisão do político e o que deve ser consultado à população. Você sabe me dizer?

"O Legislativo lava as mão e o STF é quem as suja: seja dizendo sim ou não. O STF não faz questão alguma de fazer o papel do Legislativo, mas se uma ação chega à Justiça é obrigado a decidir."
-> Suja por que quer. É obrigado a decidir? SIM. Mas segundo a Lei e não de acordo com a vontade dos juízes da época. Quando o STF pode decidir segundo analogias ou, em último caso, valores? Oras, quando não estiver em Lei (é o caso de greve para funcionários públicos, como não tem Lei sobre o tema, aplica-se a analogia do funcionário privado até que o Legislativo decida) ou quando não houver clareza na Lei. Se não for assim, teremos um STF não como guardião da Constituição, mas como Legislador supremo.

"Se dependesse do Legislativo homossexuais não teriam união estável, casamento ou direito à adoção. Quais os danos sociais neste caso? Por quê o Legislativo se omite?"
-> Dano NENHUM, ZERO. E o aborto? Para mim, matar uma criança é um absurdo, fora da barriga ou dentro. Porque dentro da barriga é legal, bonito e fora da barriga é um crime?? Eu e grande parte da população somos favoráveis à redução da idade penal, mas Lei diz outra coisa e sabe qual posicionamento do STF? Seguir o que está em Lei. Quando decidem que deve ser mudado, mudam. Quando acham que deve ser mantido, mantém... Ou seja, o STF se tornou a Lei das Leis, decidido pelos membros do momento. E todos batem palma.

No futuro não será preciso eleição, basta consultar o STF e perguntar: o que acham de matar fulano? É, ele é uma pessoa ruim, vamos fuzilar. E ciclano? Ele merece uma segunda chance, vamos deixar vivo. continuar lendo

Edu Rc,

Genial da sua parte, então se o Legislativo de tempos em tempos não consultar a população por quê reformar o Código Penal, o CPC, pra quê fazer EC ... deixa tudo como está e assim se passam mil anos e a sociedade muda mas os assuntos nunca serão discutidos porque o comodismo de tempos atrás satisfaz a vontade de quem se julga maioria mas não quer ser posto à prova.

"Quando decidem que deve ser mudado, mudam."

Se hoje as mulheres votam, trabalham fora de casa e até brigam para ter um salário igual ao do homem é porque enfrentaram todas as leis e as ditas maiorias. Hoje a maioria é favorável ou contra o casamento homoafetivo? E eles não terão o direito aos efeitos civis de um relacionamento até dar vontade no legislador? Qual a parte que você não entendeu?

E se o legislador decidir que caixa 2 não é crime? Que político jamais possa ser punido? Talvez, ao invés do seu argumento de que não precisaremos de eleições porque o STF decida, devêssemos pensar que talvez não tenhamos eleições porque o Legislativo assim decidiu (sabe quais são os efeitos de uma lista fechada?) ... que tal uma Constituição igual à proposta por Maduro, onde ele seleciona quem participará da Assembleia Constituinte (não é um faz de contas)?

E se o Legislador decidir que a partir de agora não se muda mais nada ... ah! você deve estar cogitando "eleger novos legisladores" ... só não se esqueça que na lista fechada sempre serão os mesmos, então não haverão novos, a menos que eles próprios decidam por isso, sem consultar a população, afinal temas da mais alta relevância podem ser tratados à portas fechadas. continuar lendo

"como o direito das mulheres à vida, à dignidade, à cidadania, à não discriminação, à liberdade, à igualdade, à saúde e ao planejamento familiar, entre outros."
-> Oras, qual destes direitos são negados à mulher com a proibição do aborto? Ela deixa de ser menos digna? Menos cidadã? Ela deixa de ser menos mulher ou tem menos liberdade? Está proibida de tomar anticoncepcional e planejar a família dela?

"As advogadas que assinam a ação destacam que a criminalização do aborto leva muitas mulheres a recorrer a práticas inseguras, provocando mortes."
-> A ser assim, vamos legalizar o assalto e sequestro para evitar práticas inseguras e que podem terminar em mortes.

"Argumentam também que o problema afeta de forma ainda mais intensa mulheres pobres, negras e das periferias, já que elas têm menos conhecimento e recursos para evitar a gravidez, assim como menos meios para pagar por métodos abortivos mais seguros, ainda que clandestinos."
-> Oi? Elas não sabem que sexo sem proteção pode resultar em gravidez? Se for ao posto de saúde pega camisinha DE GRAÇA.

Digamos que seja legalizado o aborto.
1) Se o homem quiser, pode obrigar a mulher a abortar? Ou o homem só é chamado para pagamento de pensão?
2) Alguém acha que o SUS, com a qualidade de açougue de quinta, vai dar conta de fazer aborto com a qualidade e segurança que se propaga por aí?

O que realmente me preocupa, que me tira o sono, é o STF fazendo papel de Legislativo e todo mundo achando normal. continuar lendo

Observe que o argumento do anticoncepcional é frágil, pois tenho uma amiga que engravidou mesmo tomando graças a uma alteração de seu organismo ... logicamente não percebida por ela.

Ou seja, ela fez uma escolha: não ter filho. E tomou uma medida tida como ideal (inclusive usada como argumento). Mas engravidou. E agora?

O que faria diferença é a educação sexual, que ora não é dada pelos pais e nem estes permitem que a escola o faça ... a maioria por medo de estimular meninas à prática do sexo, muito mais por machismo ou crença religiosa do que por questões de saúde. A maioria dos jovens aprende sobre sexo nas ruas. continuar lendo

@armpitlover oras, não existe método 100% e se há o risco a consequência tem que ser assumida. Se ela tivesse contraído uma AIDS faria o quê? Pediria uma Lei para que AIDS não fosse sexualmente contagioso?

Mas concordo, educação sexual é fundamental. Mas deve ser dada pelos pais, não terceirizada para uma escolha ou algo do tipo... continuar lendo

Pra AIDS tem tratamento financiado pelo governo, aliás hoje é possível ter o HIV sem se ter AIDS, mas se fossemos nos limitar ao pensamento então dominante só se faria sexo no casamento. Se a garota usou um medicamento e não há informação necessária quanto aos riscos de gravidez deve a indústria ser a responsabilizada e não a mulher, afinal omissão não se justifica. Lembra da CPI dos Medicamentos? continuar lendo

"Quando se põe em debate o aborto, o que se oferece, num primeiro lance de discussões, é se o embrião e o feto seriam pessoas"

- Certamente que não são pessoas! Devem ser proto-lagartos em alguma espécie de processo evolutivo que desafia a metafísica aristotélica em suas bases mais sólidas.

Ora porra!!!!! continuar lendo